A melhor coisa que me aconteceu este ano, acabou de acontecer hoje na
minha vida. Até agora senti todos os dias deste ano escuros nos meus olhos, sem
qualquer luz, onde apenas o coração iluminava a minha vida com as imagens que
guardara, mas este dia foi diferente. Talvez porque serás sempre a luz que me
faltará, a luz que me guiará, a luz que me diz que sou um ser humano de
verdade.
Queria que tudo fosse diferente, mas desculpa se a minha
razão falou mais alto, mas penso que não devia ter agido de forma diferente,
iria estragar o teu dia, logo àquela hora da manhã.
Por isso irei contar, como narrador ainda a viver o momento,
a melhor história, os melhores momentos deste meu ano que só agora começou.
No relógio do carro marcava precisamente nove horas e dez
minutos da manhã. Estava atrasado, não por mim, que iria apenas ter aulas no
segundo tempo da manhã e por isso ainda iria a casa antes, mas pelo meu irmão,
o meu companheiro de viagens para a Universidade, pois serei sempre o seu motorista
de serviço.
Demoramos mais tempo na viagem porque aqueles senhores de
amarelo que costumam-se armar em PIDE do campus colocaram em manutenção a
barreira de acesso de uma das entradas por onde entro todos os dias. Estava zangado
por ao entrar reparar que só após a hora de ponta, depois de ter dado barraco,
com inúmeros carros à espera para entrar, veio um deles a rir-se, ainda dentro
do carro, ver o que se passava.
No entanto não sabia ainda que iria agradecer-lhes ainda por
me terem feito esperar, por colocarem em manutenção aquela barreira.
O meu irmão estava fulo, teria perdido os critérios de
avaliação, mas nada de grave.
A história ainda mal começou, e nem sabia por agora que iria
ser uma história de uma manhã diferente, a beleza do destino é essa.
Comecei a descer a rampa das memórias, a minha garganta
ficou seca, senti que não estavas por ali, tinha perdido a viagem, pensei para
mim. No entanto ainda estava no cimo da rampa, muitas coisas iriam acontecer,
sem saber. Aquela estrada hoje parecia ser uma estrada como as outras, mas
nunca será.
Nunca podemos virar as costas ao destino sem o viver, e se
há coisa que está mais ligada ao destino, é a esperança de viver, a esperança
de te encontrar.
A rampa ia a meio, estava desconsolado, triste, como sempre
que passo por ali e não te encontro.
A essa hora não olhei para o céu, mas uma das estrelas que
está lá a brilhar, de certeza reluziu com mais força, porque o meu coração
começou a bater intensamente, sem o conseguir controlar.
Eu vejo algo mal ao longe, confesso, mas os meus olhos não
me traíram naquela visão. À minha esquerda, a entrar pela porta lateral estava
um carro idêntico ao teu. Mas reconheci ao longe apesar de não conseguir ver a
matrícula daquele carro, que serias tu. O meu coração sentiu, não precisou da
confirmação dos meus olhos que às vezes falham.
Não sabia o que fazer, ias à minha frente, entraste no
parque e eu? Não sabia se a curva que ainda tinha de fazer depois da rampa era
para a esquerda ou para a direita. Estávamos separados por poucos metros, tão
perto, mas talvez tão longe em pensamentos.
Entraste e foste dar a volta pela direita. Eu não sabia se
devia conduzir, se devia estar com atenção a ver se passava alguém, se estava
algum carro à minha frente para não bater, acho que não estava, porque se
tivesse tinha dado asneira quase de certeza.
Não soube reagir, deixei o meu irmão junto ao acesso ao
complexo. As minhas mãos tremiam por todo o lado, sentia borboletas na minha
barriga, se aparecesse assim à tua frente, irias pensar que estava a sentir-me
mal.
Não iria ter coragem de chegar à tua beira e quem sabe, incomodar-te,
estragar o teu dia, e mesmo que fosse não saberia o que dizer.
A razão lembrou-me o que estava ali a fazer, teria que
regressar a casa, para me preparar para a reunião às onze horas.
Arranquei, e ainda consegui ver-te a sair do carro, enquanto
passava pela curva que dava acesso àquele parque, onde estiveste naquele
momento, comigo, tão perto.
Estavas linda, com um casaco preto, sabias que o preto te
fica bem? Aliás todas as cores ficam-te bem, porque tens em ti um bocadinho de
cada cor que existe, tanto, sem saberes.
Olhei para o relógio, marcava meia-noite, dia um de janeiro
de dois mil e dezassete. O meu ano só começou naquele momento.
Logo irei mais cedo um bocadinho, com o mesmo carro do costume, da cor do teu, e a ansiedade de te
poder ver outra vez. Tentarei arranjar lugar perto do teu, para que um dia se
leres este texto, saberes que quis estar perto de ti, mais um dia.
8 FEV, 2017 0
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