Artigo

O meu ano começou hoje!

A melhor coisa que me aconteceu este ano, acabou de acontecer hoje na minha vida. Até agora senti todos os dias deste ano escuros nos meus olhos, sem qualquer luz, onde apenas o coração iluminava a minha vida com as imagens que guardara, mas este dia foi diferente. Talvez porque serás sempre a luz que me faltará, a luz que me guiará, a luz que me diz que sou um ser humano de verdade.

Queria que tudo fosse diferente, mas desculpa se a minha razão falou mais alto, mas penso que não devia ter agido de forma diferente, iria estragar o teu dia, logo àquela hora da manhã.

Por isso irei contar, como narrador ainda a viver o momento, a melhor história, os melhores momentos deste meu ano que só agora começou.

No relógio do carro marcava precisamente nove horas e dez minutos da manhã. Estava atrasado, não por mim, que iria apenas ter aulas no segundo tempo da manhã e por isso ainda iria a casa antes, mas pelo meu irmão, o meu companheiro de viagens para a Universidade, pois serei sempre o seu motorista de serviço.

Demoramos mais tempo na viagem porque aqueles senhores de amarelo que costumam-se armar em PIDE do campus colocaram em manutenção a barreira de acesso de uma das entradas por onde entro todos os dias. Estava zangado por ao entrar reparar que só após a hora de ponta, depois de ter dado barraco, com inúmeros carros à espera para entrar, veio um deles a rir-se, ainda dentro do carro, ver o que se passava.

No entanto não sabia ainda que iria agradecer-lhes ainda por me terem feito esperar, por colocarem em manutenção aquela barreira.

O meu irmão estava fulo, teria perdido os critérios de avaliação, mas nada de grave.

A história ainda mal começou, e nem sabia por agora que iria ser uma história de uma manhã diferente, a beleza do destino é essa.

Comecei a descer a rampa das memórias, a minha garganta ficou seca, senti que não estavas por ali, tinha perdido a viagem, pensei para mim. No entanto ainda estava no cimo da rampa, muitas coisas iriam acontecer, sem saber. Aquela estrada hoje parecia ser uma estrada como as outras, mas nunca será.

Nunca podemos virar as costas ao destino sem o viver, e se há coisa que está mais ligada ao destino, é a esperança de viver, a esperança de te encontrar.

A rampa ia a meio, estava desconsolado, triste, como sempre que passo por ali e não te encontro.

A essa hora não olhei para o céu, mas uma das estrelas que está lá a brilhar, de certeza reluziu com mais força, porque o meu coração começou a bater intensamente, sem o conseguir controlar.

Eu vejo algo mal ao longe, confesso, mas os meus olhos não me traíram naquela visão. À minha esquerda, a entrar pela porta lateral estava um carro idêntico ao teu. Mas reconheci ao longe apesar de não conseguir ver a matrícula daquele carro, que serias tu. O meu coração sentiu, não precisou da confirmação dos meus olhos que às vezes falham.

Não sabia o que fazer, ias à minha frente, entraste no parque e eu? Não sabia se a curva que ainda tinha de fazer depois da rampa era para a esquerda ou para a direita. Estávamos separados por poucos metros, tão perto, mas talvez tão longe em pensamentos.

Entraste e foste dar a volta pela direita. Eu não sabia se devia conduzir, se devia estar com atenção a ver se passava alguém, se estava algum carro à minha frente para não bater, acho que não estava, porque se tivesse tinha dado asneira quase de certeza.

Não soube reagir, deixei o meu irmão junto ao acesso ao complexo. As minhas mãos tremiam por todo o lado, sentia borboletas na minha barriga, se aparecesse assim à tua frente, irias pensar que estava a sentir-me mal.

Não iria ter coragem de chegar à tua beira e quem sabe, incomodar-te, estragar o teu dia, e mesmo que fosse não saberia o que dizer.

A razão lembrou-me o que estava ali a fazer, teria que regressar a casa, para me preparar para a reunião às onze horas.

Arranquei, e ainda consegui ver-te a sair do carro, enquanto passava pela curva que dava acesso àquele parque, onde estiveste naquele momento, comigo, tão perto.

Estavas linda, com um casaco preto, sabias que o preto te fica bem? Aliás todas as cores ficam-te bem, porque tens em ti um bocadinho de cada cor que existe, tanto, sem saberes.

Olhei para o relógio, marcava meia-noite, dia um de janeiro de dois mil e dezassete. O meu ano só começou naquele momento.

Logo irei mais cedo um bocadinho, com o mesmo carro do costume, da cor do teu, e a ansiedade de te poder ver outra vez. Tentarei arranjar lugar perto do teu, para que um dia se leres este texto, saberes que quis estar perto de ti, mais um dia.

8 FEV, 2017 0

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